Original em inglês: How Taqiyya Alters Islam’s Rules of War
O Islão deve parecer uma religião paradoxal para os não-muçulmanos. Se, por um lado, ele é constantemente retratado como a religião da paz, por outro lado, seus adeptos são responsáveis pela maioria dos ataques terroristas ao redor do mundo. Apologistas do Islão gostam de enfatizar que o Islão é uma fé construída sobre padrões éticos elevados; outros salientam que é uma religião da lei. A noção dualista do Islão com respeito a verdade e falsidade ressalta ainda mais esta sua natureza paradoxal: enquanto que o Alcorão é contra os crentes enganando outros crentes – pois “certamente Alá não guia aquele que é pródigo e mentiroso” [1] – uma fraude dirigida a não-muçulmanos, geralmente conhecida em árabe como taqiyya, também tem apoio do Alcorão e se enquadra na categoria legal de coisas que são permitidas para os muçulmanos.
Taqiyya oferece dois usos básicos. O uso mais conhecido gira em torno da dissimulação da própria identidade religiosa quando com medo de perseguição. Tal tem sido o uso histórico da taqiyya entre as comunidades xiitas quando e onde seus rivais sunitas os superam em numero, e, portanto, os ameaçe. Por outro lado, os muçulmanos sunitas, longe de sofrerem perseguição, sempre quando capazes travam jihad contra o reino da incredulidade; e é aqui que eles têm implementado taqiyya não como dissimulação, mas como uma enganação ativa. De fato, o ato de enganar, que é doutrinariamente fundamentado no Islão, é muitas vezes descrito como sendo igual, às vezes superior, a outras virtudes militares universais, tais como a coragem, fortaleza, ou auto-sacrifício.
No entanto, se os muçulmanos são exortados a serem verdadeiros, como é possível que o ato de enganar os outros possa ser, não apenas predominante, mas ter a sanção divina? O que exatamente é a taqiyya? Como é justificada pelos estudiosos e por aqueles que fazem uso dela? Como ela se encaixa em uma concepção mais ampla do código de ética do Islão, especialmente em relação aos não-muçulmanos? De modo mais direto, que ramificações a doutrina da taqiyya tem para toda a interação entre muçulmanos e não-muçulmanos?
A Doutrina da Taqiyya
De acordo com a Shari’a – o corpo de normas jurídicas que define como um muçulmano deve se comportar em todas as circunstâncias – o ato de enganar não é apenas permitido em determinadas situações, mas pode ser considerado obrigatório em outras. Contrariamente à tradição cristã, por exemplo, os muçulmanos que foram forçados a escolher entre deixar o Islão ou sofrer perseguição foram autorizados a mentir e fingir apostasia. Outros juristas decretaram que os muçulmanos são obrigados a mentir a fim de preservar-se [2], baseado em versos do Alcorão proibindo os muçulmanos de serem os instrumentos de suas próprias mortes. [3]
Esta é a definição clássica da doutrina da taqiyya. Baseada em uma palavra árabe que denota medo,taqiyya tem sido entendida, principalmente por acadêmicos ocidentais, como algo a recorrer em tempos de perseguição religiosa e, em sua maior parte, usada neste sentido por grupos minoritários xiitas que vivem sob uma maioria sunitas hostil. [4] A taqiyya permitiu aos xiitas dissimular sua filiação religiosa frente aos sunitas em uma base regular, não apenas mantendo clandestina as suas próprias crenças, mas até mesmo rezando e se comportando como se fossem sunitas.
No entanto, um dos poucos livros dedicados ao tema, At-taqiyya fi’l-Islam (Dissimulação no Islão) deixa claro que taqiyya não se limita à dissimulação dos xiitas quando com medo de perseguição. Escrito por Sami Mukaram, um ex-professor de estudos islâmicos da Universidade Americana de Beirute e autor de cerca de vinte e cinco livros sobre o Islão, o livro demonstra claramente a ubiqüidade e ampla aplicabilidade da taqiyya:
Taqiyya é de fundamental importância no Islão. Praticamente todas as seitas islâmicas concordam com isso e a praticam … Nós podemos ir tão longe para dizer que a prática de taqiyya é parte da corrente principal do Islão, e que aquelas poucas seitas que não a praticam se afastam da corrente principal …taqiyya é muito prevalente em política islâmica, especialmente na era moderna. [5]
A taqiyya não é, portanto, como muitas vezes se supõe, um fenômeno exclusivamente xiita. Claro que, como um grupo minoritário, intercalados entre os seus inimigos sunitas, os xiitas, historicamente, tiveram mais motivos para enganar. Por outro lado, o Islão sunita rapidamente dominou vastos impérios desde a Espanha até a China. Como resultado, seus seguidores não tinham dívidas para ninguém, não tinham nada a se desculpar, e não tinham necessidade de esconder dos infiéis não-crentes (raras exceções incluem a Espanha e Portugal durante a Reconquista, quando os sunitas dissimularam sobre a sua identidade religiosa[6]) . Ironicamente, no entanto, os sunitas que vivem no Ocidente hoje encontram-se no lugar dos xiita: agora, eles são a minoria cercada pelos seus inimigos tradicionais – os cristãos infiéis – mesmo que estes últimos, ao contrário de seus predecessores da Reconquista, raramente ajam com inimizade , e muito menos a reconheçam. Em suma, os sunitas estão atualmente experimentando as circunstâncias gerais que fizeram da taqiyya uma integral do xiismo, embora sem a ameaça física que tanto a fez necessária.
A Articulação da taqiyya
O Alcorão 3:28 é muitas vezes visto como principal o verso que sanciona enganar os não-muçulmanos: “Que os crentes [muçulmanos] não tomem infiéis [não-muçulmanos] como amigos e aliados no lugar de outros crentes. Quem faz isso não terá nenhum relacionamento com Alá – a menos que você se guarde contra eles, tomando precauções “. [7]
Muhammad ibn Jarir at-Tabari (m. 923), autor de um comentário padrão e autoritativo do Alcorão, explica o verso 3:28 da seguinte forma:
Se vocês [muçulmanos] estiverem sob a autoridade deles [não-muçulmanos ], temendo por si mesmos, comportem-se com lealdade para com eles da língua para fora, enquanto abrigando animosidade interna para com eles … [saibam que] Alá proibiu os crentes de serem amigáveis ou em termos íntimos com os infiéis, em detrimento de outros crentes, exceto quando os infiéis estiverem acima deles [em autoridade]. Se for esse o caso, deixe-os agir amigávelmente com eles, preservando a sua religião. [8]
Ibn Kathir (m. 1373), outra autoridade principal sobre o Alcorão, escreveu o seguinte comentário sobre Alcorão 3:28: “Aquele que em qualquer tempo ou lugar receie … o mal [oriundo de não-muçulmanos] podem proteger-se através de ostentação.” Como prova disso, ele cita um companheiro próximo de Maomé, Abu Darda, que disse: “Vamos sorrir à frente de algumas pessoas, enquanto que os nossos corações as amaldiçoam.” Outro companheiro, simplesmente conhecido como Al-Hasan, disse: “Fazer taqiyya é aceitável até o Dia do Juízo [isto é, em perpetuidade]”. [9]
Outros estudiosos proeminentes, tais como ‘Abdullah al-Qurtubi (1214-1273) e Muhyi’ Abu d-Din ibn al-Arabi (1165-1240), ampliaram o conceito de taqiyya para cobrir atos e ações. Em outras palavras, os muçulmanos podem se comportar como infiéis e pior, por exemplo, curvando-se e adorando ídolos e cruzes, oferecendo falso testemunho, e até mesmo expondo as fraquezas de seus irmãos muçulmanos para o inimigo infiel – qualquer coisa, exceto matar um muçulmano: “taqiyya, mesmo que praticada sem coação, não conduz a um estado de infidelidade – mesmo que ela leve a um pecado merecedor do inferno”. [10]
Dissimulação nas façanhas militares de Maomé
Maomé, cujo exemplo como o “ser humano mais perfeito” deve ser seguido em cada detalhe, teve uma atitude flexível com respeito a mentira. É sabido, por exemplo, que ele permitiu a mentira em três situações: conciliar duas ou mais partes em uma discussão, aplacar a esposa, e na guerra [11]. De acordo com um manual jurídico árabe dedicado à jihad, tal como definido pelas quatro escolas de jurisprudência islâmicas, “o ulema (classe composta por juristas muçulmanos envolvidos nas diversas áreas de estudos islâmicos) concorda que a dissimulação durante a guerra é legítima … enganar é uma forma de arte na guerra” [12]. Além disso, de acordo com Mukaram, esse ato de enganar é classificado como taqiyya: “taqiyya, a fim de enganar o inimigo é permissível”. [13]
Vários ulemas acreditam que enganar é parte integrante da condução da guerra: Ibn al-‘Arabi declara que “nos Hadith [ditos e ações de Maomé], a prática da arte de enganar é claramente demonstrada. Na verdade, sua necessidade é mais acentuada do que a necessidade de coragem. “Ibn al-Munir (m. 1333) escreve: “Guerra é dissimulação, ou seja, a guerra mais completa e perfeita travada por um guerreiro sagrado é uma guerra de dissimulação, e não o confronto, devido ao perigo inerente a este último, e o fato de que se pode alcançar a vitória através da deslealdade, sem dano [para si]. ” E Ibn Hajar (m. 1448) aconselha os muçulmanos a “tomar muito cuidado na guerra, enquanto [publicamente] lamentando e de luto, a fim de enganar os infiéis”. [14]
Esta noção muçulmana de que a guerra é dissimulação remonta à Batalha da Trincheira (627), que opôs Maomé e seus seguidores contra várias tribos não-muçulmanas, conhecidos como Al-Ahzab. Um dos Ahzab, Na’im ibn Mas’ud, foi até o acampamento muçulmano e se converteu ao islamismo. Quando Maomé descobriu que os Ahzab não estavam cientes da conversão do seu co-tribalista, ele aconselhou Mas’ud para voltar e tentar que as forças pagãs abandonassem o cerco. Foi então que Maomé declarou de forma memorável: “Pois a guerra é dissimulação.” Mas’ud retornou aos Ahzab sem que eles soubessem que ele havia mudado de lado e intencionalmente começou a dar maus conselhos aos seus parentes e ex-aliados. Ele também fez um grande esforço para instigar discórdia entre as várias tribos, até que, desconfiando completamente uns dos outros, eles debandaram, e levantaram o cerco dos muçulmanos, fato este que salvou o Islão da destruição em um período embrionário. [15] Mais recentemente, cúmplices do ataque às torres gêmeas em setembro de 2011, como o Sheikh Khalid Muhamad, racionalizaram o seu papel conspiratório durante depoimento perante a corte evocando a afirmação do profeta de que “a guerra é dissimular.”
Um manifestação convincente da legitimidade no tocante a enganar os infiéis é a seguinte anedota. Um poeta, Ka’b ibn Ashraf, havia ofendido Maomé, levando este último a exclamar: “Quem vai matar o homem que feriu a Alá e seu profeta?” Um jovem muçulmano chamado Muhammad ibn Maslama se voluntariou com a condição de que, a fim de chegar perto o suficiente de Ka’b para assassiná-lo, lhe fosse permitido mentir para o poeta. Maomé concordou. Ibn Maslama viajou para Ka’b e começou a denegrir o Islão e Maomé. Continuou assim até que a sua insatisfação tornou-se tão convincente que ele ganhou a confiança de Ka’b. Logo depois, Ibn Maslama apareceu com outro muçulmano e, assim que Ka’b baixou a sua guarda, ele o matou. [16]
Maomé disse outras coisas que colocam dissimulação dentro do elenco das coisas positivas, como “Alá me ordenou para enganar as pessoas do mesmo modo como ele me ordenou a estabelecer obrigações religiosas” e “Eu fui enviado com obscurecimento” e “todo aquele que vive sua vida na dissimulação morre como um mártir “. [17]
Em suma, os primeiros registros históricos do Islão claramente atestam a prevalência da taqiyya como uma forma de guerra islâmica. Além disso, os primeiros muçulmanos são descritos frequentemente como agindo sem limites, negando ou insultando o Islão ou Maomé, muitas vezes com a aprovação deste último, sendo que o único único critério é de que as suas intenções (niya) sejam puras. [18] Durante as guerras com os cristãos, quando estes estavam em autoridade, a prática de taqiyya se tornou ainda mais integral. Mukaram diz que, “taqiyya foi usada como uma maneira de afastar o perigo para longe dos muçulmanos, especialmente em momentos críticos e quando suas fronteiras foram expostas às guerras com os bizantinos e, posteriormente, sob os ataques dos francos [cruzadas] e outros.” [19]
Taqiyya na revelação do Alcorão
O próprio Alcorão é mais um testemunho para taqiyya. Uma vez que acredita-se que Alá é o revelador destes versos, ele é, por definição, visto como o perpetrador final da mentira, o que não é surpreendente, pois ele é descrito no Alcorão como o melhor makar, ou seja, o melhor enganador ou maquinador (por exemplo, 3:54, 8:30, 10:21).
Enquanto outras escrituras contêm contradições, o Alcorão é o único livro sagrado cujos comentadores desenvolveram uma doutrina para dar conta das mudanças muito visíveis que ocorrem de uma prescrição para outra. Nenhum leitor cuidadoso vai permanecer ignorante dos muitos versos contraditórios no Alcorão, mais especificamente a maneira pela qual os versos pacíficos e tolerantes estão quase lado a lado com os versos violentos e intolerantes. Os ulemas ficaram inicialmente confusos com que versos usar para codificar a visão de mundo da Shari’a – o verso que afirma que não há coerção na religião (2:256), ou os versos que comandam os crentes a lutarem contra todos os não-muçulmanos até que eles se convertam, ou pelo menos se submetam ao Islão (8:39, 9:05, 9:29). Para sair desse dilema, os comentaristas desenvolveram a doutrina da ab-rogação, que mantém, essencialmente, que os versos revelados mais tarde na carreira de Maomé têm precedência sobre os versos anteriores sempre que houver uma discrepância. A fim de documentar que versos ab-rogaram e que versos foram ab-rogados, uma ciência religiosa dedicada à cronologia dos versos do Alcorão foi desenvolvida (conhecida como Nasikh wa’l Mansukh, o ab-rogador e o ab-rogado).
Mas por que a contradição em primeiro lugar? A visão padrão é que nos primeiros anos do Islão, uma vez que Maomé e sua comunidade foram superados em número pelos seus concorrentes infiéis quando vivendo ao lado deles em Meca, uma mensagem de paz e coexistência estava em ordem. No entanto, após os muçulmanos migrarem para Medina, em 622, e crescerem como uma força militar, versos incitando-os a ir para a ofensiva foram lentamente “revelados” – em princípio, enviado por Alá – sempre proporcionais à capacidade de crescimento do Islão. Nos textos jurídicos, estes são classificados em etapas: passividade com respeito a agressividade; permissão para lutar contra os agressores; comandos para combater os agressores; comandos para combater todos os não-muçulmanos, se estes últimos começarem a agressões ou não [20]. O crescente poderio muçulmanos é a única variável que explica essa mudança progressiva na política.
Outros estudiosos colocam um brilho ilusório sobre isso argumentando que, ao longo de um período de 22 anos, o Alcorão foi revelado aos poucos, começando com versos passivos e espirituais, mudando mais tarde para as prescrições legais e injunções relativas a espalhar a fé através da jihad e da conquista, simplesmente para aclimatar os primeiros muçulmano para os deveres do Islão, para que eles não desanimassem no início pelas obrigações dramáticas que iriam aparecem nos versos posteriores. [21] Os versos revelados no final da carreira de Maomé – tais como, “a guerra é prescrita para você muito embora você a odeie” [22] – estariam fora do lugar na época em que guerra estava realmente fora de questão.
Independente de como interpretada, a visão padrão da ab-rogação no Alcorão, relativa a versos de guerra e paz, é que quando os muçulmanos são fracos e em posição minoritária, eles devem pregar e se comportarem de acordo com o caráter dos versos de Meca (paz e tolerância); quando fortes, no entanto, eles devem ir para a ofensiva sobre a base do que é ordenado nos versos de Medina (guerra e conquista). As vicissitudes da história islâmica são um testemunho dessa dicotomia, melhor capturada pela noção popular muçulmana, baseada em um hadith, que, se possível, a jihad deve ser feita pela mão (força), se não, então pela língua (através da pregação), e, se isso não for possível, então com o coração ou as próprias intenções [23].
Guerra é eterna
Que o Islão legitima enganar durante a guerra, é claro, nem de todo surpreendente, afinal, como o escritor Elizabetano John Lyly colocou, “Tudo é justo no amor e na guerra” [24]. Outros filósofos e estrategistas não-muçulmanos, tais como Sun Tzu, Maquiavel, Hobbes e Thomas justificam dissimulação na guerra. Enganar o inimigo durante a guerra é apenas senso comum. A diferença crucial no Islão, no entanto, é que a guerra contra os infiéis é perpétua – até que, nas palavras do Alcorão, “todo o caos cesse, e toda a religião pertença a Alá” [25]. No seu texto sobre jihad, da Enciclopédia do Islão, Emile Tyan afirma: “o dever dajihad existe enquanto a dominação universal do Islão não tiver sido alcançada. A paz com as nações não-muçulmanas é, portanto, apenas um estado provisório das coisas; a chance das circunstâncias por si só pode justificá-la temporariamente” [26].
Além disso, voltando para a doutrina da ab-rogação, os estudiosos muçulmanos, como Ibn Salama (m. 1020) concordam que o Alcorão 9:5, conhecido como ayat as-sayf, ou o verso da espada, revogou em torno de 124 versos mais pacíficos de Meca, incluindo “todo e qualquer verso no Alcorão que comande ou implique nada menos do que uma ofensiva total contra os descrentes” [27]. Na verdade, todas as quatro escolas de jurisprudência sunitas concordam que “a jihad é quando os muçulmanos fazem guerra contra os infiéis, depois de te-los chamados a abraçar o Islão, ou pelo menos paguem o tributo [jizya] e vivam em submissão, e os infiéis recusem” [28].
Jihad obrigatória é melhor expressa pela dicotomia da visão de mundo do Islão que coloca o reino do Islão contra o reino da guerra. O primeiro, dar al-Islam, é o “reino da submissão”, o mundo onde a Shari’a governa; o segundo, dar al-Harb (o reino da guerra), é o mundo não-islâmico. A luta continua até que o reino do Islão subordine o mundo não-islâmico – um caso perpétuo que continua até os dias atuais. O renomado historiador e filósofo muçulmano Ibn Khaldun (m. 1406) articula claramente essa divisão:
Na comunidade muçulmana, a jihad é um dever religioso por causa do universalismo da missão muçulmana e a obrigação de converter todos ao Islão, ou pela persuasão ou pela força. Os outros grupos religiosos não têm uma missão universal, e a jihad não era um dever religioso para eles, a não ser para fins de defesa. Mas o Islão está sob a obrigação de ganhar o poder sobre outras nações [29].
Finalmente, e colocando todas as evidências de lado, ainda que pareça irracional para uma fé com mais de um bilhão de adeptos obrigar a guerra não provocada em seu nome, é interessante notar que a jihadexpansionista é vista como um esforço altruísta, não muito diferente da ideologia do século XIX do “fardo do homem branco”. A lógica é que o mundo, quer sob a democracia, socialismo, comunismo, ou qualquer outro sistema de governo, está inevitavelmente vivendo em cativeiro – um grande pecado – uma vez que o bem de toda a humanidade encontra-se em viver de acordo com a lei de Alá. Neste contexto, a dissimulação muçulmana pode ser vista como um meio não muito nobre para um final glorioso – a hegemonia final islâmica, onde a Shari’a governa, fato visto como bom para ambos muçulmanos e não muçulmanos.
Esta visão tem uma antiga linhagem: logo após a morte de Maomé (634), com os combatentes da jihadsaindo da península Arábica, um comandante persa, ainda a ser conquistado, perguntou aos muçulmanos invasores o que eles queriam. A memorável resposta foi o seguinte:
Alá enviou-nos e nos trouxe aqui para que possamos libertar aqueles que desejam da servidão dos governantes terrenos e torná-los servos de Alá, para que possamos mudar a sua pobreza em riqueza e libertá-los da tirania e do caos das [falsas] religiões e trazê-los à justiça do Islão. Ele enviou-nos a trazer a sua religião para todas as suas criaturas e chamá-las ao Islão. Quem aceitar isso de nós estará seguro, e vamos deixá-lo sozinho; mas quem se recusa, lutaremos até que seja cumprida a promessa de Alá [30].
Quatrocentos anos depois, em Março de 2009, o jurista saudita Basem Alem publicamente ecoou essa visão:
Como um membro da verdadeira religião, eu tenho um direito maior de invadir [outros] a fim de impor um certo modo de vida [de acordo com a Shari’a], que a história tem provado ser a melhor e a mais justa de todas as civilizações. Este é o verdadeiro significado da jihad ofensiva. Quando a jihad, não é a fim de converter as pessoas ao Islão, mas para libertá-las da negra escravidão na qual elas vivem [31].
E ele deve ir sem dizer que taqiyya no serviço de altruísmo é permitido. Por exemplo, apenas recentemente, depois de contar publicamente uma história onde um muçulmano enganou um judeu a se converter ao Islão – advertindo-o que se ele tentasse abandonar o islamismo, os muçulmanos iriam matá-lo como um apóstata – o clérigo muçulmano Mahmoud al-Masri chamou isto de “truque bonito” [32]. Afinal, do ponto de vista islâmico, foi o judeu que, no final, beneficiou-se da trapaça, que o levou ao Islão.
Tratados e tréguas
A natureza perpétua da jihad é realçada pelo fato de que, com base no tratado de 10 anos de Hudaybiya (628), ratificado entre Maomé e os seus adversários, os Quraysh de Meca, a maioria dos juristas concordam que dez anos é a quantidade máxima de tempo que muçulmanos podem estar em paz com os infiéis; uma vez que o tratado tenha expirado, a situação precisa ser reavaliada. Baseado no exemplo de Maomé de quebrar o tratado depois de dois anos (alegando uma infração por parte dos Quraysh), a única função da trégua é comprar tempo para que os enfraquecidos muçulmanos possam se reagrupar antes de renovar a ofensiva: [33] “Por sua própria natureza, os tratados devem ser de duração temporária, pois na teoria jurídica muçulmana, as relações normais entre os territórios muçulmanos e não muçulmanos não são pacíficas, mas guerreiras” [34]. Assim, “os fuqaha [juristas] estão de acordo que tréguas abertas são ilegítimas, se os muçulmanos têm a força para renovar a guerra contra eles [os não-muçulmanos]” [35].
Apesar da Shari’a indicar que muçulmanos devam respeitar os tratados, eles têm uma saída, aberta ao abuso: se os muçulmanos acreditam que, mesmo sem sólida evidência, os seus adversários estão prestes a romper o tratado, eles podem se antecipar e quebrá-lo primeiro. Além disso, algumas escolas de direito islâmico, como a Hanafi, afirmam que os líderes muçulmanos podem revogar tratados meramente se isto parecer vantajoso para o Islão [36]. Esta é uma reminiscência do seguinte hadith canônico: “Se você prestar o juramento de fazer algo e, mais tarde, você achar que alguma coisa é melhor, então você deve expiar seu juramento e fazer o que é melhor ” [37]. E o que é melhor, o que é mais altruísta do que fazer a palavra de Alá supremo, lançando uma nova jihad sempre que possível? Tradicionalmente, os governantes muçulmanos mantiveram o compromisso de lançar uma jihad pelo menos uma vez por ano. Este ritual é mais conhecido com os sultões otomanos, que passaram metade das suas vidas no campo de batalha [38]. Tão importante era o dever de jihad que os sultões não tinham permissão para realizar a peregrinação a Meca, um dever individual de cada muçulmano. Sua liderança da jihad permitiu que esse dever comum continuasse; sem eles, teria caído em desuso [39].
Em resumo, o pré-requisito para a paz ou a reconciliação é a vantagem do muçulmano. Isso fica claro em um texto de autoridade legal sunita, como Umdat-Salik, escrito por um estudioso egípcio do século XIV, Ahmad Ibn al-Naqib Misri: “Deve haver algum benefício [maslaha] a ser servido para se fazer uma trégua que não seja o status quo: ‘Então, não seja medroso e chame para a paz quando é você que está em primeiro lugar [Alcorão 47:35]’ “[40].
Mais recentemente, e de grande importância para os líderes ocidentais que defendem a cooperação com os islamistas, Yasser Arafat, logo depois de negociar um tratado de paz criticado por conceder demasiadamente a Israel, abordou um conjunto de muçulmanos em uma mesquita em Johanesburgo, onde ele justificou suas ações: “Eu considero este acordo como sendo não mais do que o acordo assinado entre o nosso Profeta Maomé e os coraixitas (Quraysh) de Meca” [41]. Em outras palavras, como Maomé, Arafat deu sua palavra apenas para anulá-la assim que “algo melhor” surgir – ou seja, até que os palestinos se tornem fortes o suficiente para renovar a ofensiva e continuar no caminho para Jerusalém. Em outros lugares, Hudaybiya tem aparecido como uma palavra-chave para os islamitas radicais. A Frente Moro de Libertação Islâmica tinha três campos de treinamento dentro do complexo Abu Bakar, nas Filipinas, um dos quais era chamado de Acampamento Hudaybiya [42].
Hostilidade Disfarçada Como Agravo
Em suas declarações dirigidas a públicos europeus ou americanos, os islâmicos afirmam que o terrorismo por eles dirigido contra o Ocidente é apenas um tratamento recíproco ao longo de décadas de opressão ocidental e israelense. No entanto, nos escritos dirigidos ao público muçulmano, este ânimo é apresentado não como uma reação à provocação militar ou política, mas como um produto de obrigação religiosa.
Por exemplo, ao abordar as platéias ocidentais, Osama bin Laden apresentava todo o tipo de queixas como motivo para a sua guerra contra o Ocidente – da opressão dos palestinos à exploração ocidental da mulher, e mesmo o fracasso dos EUA em assinar o Protocolo de Kyoto – todos inteligíveis a partir de uma perspectiva ocidental. Nenhuma única vez, no entanto, ele justifica os ataques da Al-Qaeda contra alvos ocidentais simplesmente porque os países não-muçulmanos são entidades infiéis que devem ser subjugadas. Na verdade, muitas vezes ele inicia suas mensagens para o Ocidente, dizendo: “reciprocidade de tratamento faz parte da justiça” ou “Paz para quem segue a orientação” [43], embora ele queira dizer algo completamente diferente do que seus ouvintes ocidentais entendem por palavras como “paz”,”justiça”, ou “orientação”.
Era quando bin Laden falava diretamente com os muçulmanos é que a verdade vinha à tona. Quando um grupo de muçulmanos proeminentes escreveu uma carta aberta ao povo Americano, logo após os ataques de 9/11, dizendo que o Islão procura coexistir pacificamente, [44] bin Laden escreveu para castigá-los:
Quanto à relação entre muçulmanos e infiéis, isto é resumido pela palavra do Altíssimo: “Nós [os muçulmanos] os rejeitamos [não-muçulmanos]. Inimizade e ódio devem sempre reinar entre nós, até que vocês acreditem apenas em Alá” [Alcorão 60:4]. Portanto, há uma inimizade, evidenciada pela hostilidade feroz do coração. E essa hostilidade feroz – ou seja, batalha – só cessa se o infiel se submeter à autoridade do Islão, ou se o seu sangue for proibido de ser derramado [isto é, quando um não-muçulmano é um dhimmi, ou minoria protegida], ou se os muçulmanos estão, naquela ocasião, fracos e incapazes. Mas se o ódio, em qualquer momento, se extingue a partir do coração, esta é grande apostasia! … Esta é, então, a base e o fundamento da relação entre os infiéis e os muçulmanos. Batalha, a animosidade, e ódio – dirigidos do muçulmano para o infiel – é a base da nossa religião. E nós consideramos isto como justiça e bondade para com eles [45].
As quatro principais escolas de jurisprudência do Islão dão o seu apoio a esta ideologia hostil ao falar dos infiéis em termos semelhantes. Bin Laden, ao se apresentar para o Ocidente com o seu discurso de justiça e paz, exemplifica claramente a taqiyya. Ele não está apenas travando uma jihad física, mas uma guerra de propaganda, ou seja, uma guerra de mentira. Se ele conseguir convencer o Ocidente de que o conflito atual é inteiramente sua culpa, ele acumula uma maior simpatia para a sua causa. Ao mesmo tempo, ele sabe que se os americanos perceberem que nada menos do que sua rendição pode trazer a paz, a sua campanha de propaganda poderia ser rapidamente comprometida. Daí a constante necessidade de dissimular e citar as queixas e agravos, pois, como o profeta de Bin Laden afirmou: “guerra é enganar.”
Implicações
A Taqiyya apresenta uma série de dilemas éticos. Qualquer pessoa que realmente acredita que Alá justifica e que, através do exemplo de seu profeta, incentiva a dissimulação não vai sentir qualquer escrúpulo ético sobre a mentira. Considere o caso de ‘Ali Mohammad, primeiro “treinador” de Bin Laden e antigo operativo da Al-Qaeda. Egípcio, ele era, inicialmente, um membro da Jihad Islâmica e havia servido na unidade do exército egípcio de inteligência militar. Depois de 1984, ele trabalhou por um tempo com a CIA na Alemanha. Apesar de ser considerado indigno de confiança, ele conseguiu chegar à Califórnia, onde ele se alistou no Exército dos EUA. Parece provável que ele continuou a trabalhar em alguma capacidade para a CIA. Mais tarde, ele treinou jihadistas nos Estados Unidos e no Afeganistão, e estava por detrás de vários ataques terroristas na África. As pessoas que conheceram o encaravam com “temor e respeito pela seu incrível auto-confiança, sua incapacidade de ser intimidado, determinação absoluta e implacável para destruir os inimigos do Islão, e sua crença zelosa nos princípios do fundamentalismo islâmico”. [46] Na verdade, esta frase resume tudo: Pois uma crença zelosa nos princípios do Islão, que legitimam a dissimulação a fim de tornar suprema a palavra de Alá, ele certamente vai percorrer um longo caminho em criar uma “incrível auto-confiança” para mentir [47].
No entanto, a maioria dos ocidentais continuam a pensar que os costumes muçulmanos, leis e restrições éticas, são próximas aos da tradição judaico-cristã. Ingenuamente ou arrogantemente, os líderes multiculturalistas de hoje projetam a sua própria visão de mundo para os islâmicos, pensando que um aperto de mão e sorrisos em torno de uma xícara de café, bem como numerosas concessões, são o suficiente para desmantelar o poder da palavra de Alá e séculos de tradição imutável. O fato permanece: o certo e o errado no Islão têm muito pouco a ver com padrões universais, mas apenas com o que o próprio Islão ensina – muito do que está em antítese com as normas ocidentais.
Deve-se, portanto, admitir-se que, ao contrário de suposições acadêmicas de longa data, a doutrina dataqiyya vai muito além de muçulmanos que se dedicam a dissimulação religiosa no interesse de auto-preservação e abrange enganar o inimigo infiél em geral. Este fenômeno deve fornecer um contexto para o zelo xiíta do Irã – taqiyya sendo particulamente forte no xiismo – para adquirir energia nuclear enquanto insistindo que seus motivos são totalmente pacífico.
Nem é taqiyya confinada aos assuntos internacionais. Walid Phares da National Defense University lamentou que os islâmicos locais estão operando sem restrições em solo americano devido ao seu uso detaqiyya: “Será que o nosso governo sabe o que esta doutrina é, sobretudo, e mais importante, estão as autoridades a educar o corpo de nosso aparato de defesa sobre essa ameaça latente e furtiva entre nós? “[48] Frente ao massacre de Fort Hood, quando Nidal Malik Hasan, um americano muçulmano que exibiu inúmeros sinais islâmicos que foram ignorados, matou treze companheiros militares e mulheres, somos compelidos a responder negativamente à pergunta acima.
Este, então, é o dilema: a lei islâmica de forma inequívoca divide o mundo em duas metades perpetuamente em guerra – o mundo islâmico contra o não-islâmico – e considera como sendo a vontade de Alá que o não-muçulmano se submeta ao muçulmano. No entanto, se a guerra contra o infiel é um assunto permanente, se a guerra é dissimulação, e se as ações são justificadas pelas intenções – qualquer número de muçulmanos irá naturalmente concluir que eles têm o direito divinamente sancionada de enganar, contanto que eles acreditem que a sua enganação sirva para ajudar o Islão”, até que todo o caos cesse, e que toda a religião pertença a Alá”. [49] Esse tipo de manobra vai ser mais vista como um meio para se atingir um objetivo altruísta. Aberturas muçulmanas para o diálogo, a paz, ou mesmo tréguas temporárias, devem serem vistas dentro desta luz, evocando as observações práticas do filósofo James Lorimer, proferidas a mais de um século atrás: “Enquanto perdurar o Islão, a reconciliação de seus adeptos, mesmo com os judeus e cristãos, e ainda mais com o resto da humanidade, deve continuar a ser um problema insolúvel”. [50]
No fechamento, ao passo que pode ser mais apropriado falar de “guerra e paz” como corolários naturais num contexto ocidental, quando se fala do Islão, é mais correto falar de “guerra e dissimulação.” Pois, do ponto de vista islâmico, tempos de paz – isto é, sempre que o Islão for significativamente mais fraco do que os seus rivais infiéis – são tempos de paz fingida e falsa aparência, em uma palavra, taqiyya.
Raymond Ibrahim é diretor associado do Middle East Forum.
[1] Qur’an 40:28.
[2] Fakhr ad-Din ar-Razi, At-Tafsir al-Kabir (Beirut: Dar al-Kutub al-‘Ilmiya, 2000), vol. 10, p. 98.
[3] Qur’an 2:195, 4:29.
[4] Paul E. Walker, The Oxford Encyclopedia of Islam in the Modern World, John Esposito, ed. (New York: Oxford University Press, 2001), vol. 4, s.v. “Taqiyah,” pp. 186-7; Ibn Babuyah, A Shi’ite Creed, A. A. A. Fyzee, trans. (London: n.p., 1942), pp. 110-2; Etan Kohlberg, “Some Imami-Shi’i Views on Taqiyya,” Journal of the American Oriental Society, 95 (1975): 395-402.
[5] Sami Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam (London: Mu’assisat at-Turath ad-Druzi, 2004), p. 7, author’s translation.
[6] Devin Stewart, “Islam in Spain after the Reconquista,” Emory University, p. 2, accessed Nov. 27, 2009.
[7] See also Quran 2:173, 2:185, 4:29, 16:106, 22:78, 40:28, verses cited by Muslim jurisprudents as legitimating taqiyya.
[8] Abu Ja’far Muhammad at-Tabari, Jami’ al-Bayan ‘an ta’wil ayi’l-Qur’an al-Ma’ruf: Tafsir at-Tabari (Beirut: Dar Ihya’ at-Turath al-‘Arabi, 2001), vol. 3, p. 267, author’s translation.
[9] ‘Imad ad-Din Isma’il Ibn Kathir, Tafsir al-Qur’an al-Karim (Beirut: Dar al-Kutub al-‘Ilmiya, 2001), vol. 1, p. 350, author’s translation.
[10] Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam, pp. 30-7.
[11] Imam Muslim, “Kitab al-Birr wa’s-Salat, Bab Tahrim al-Kidhb wa Bayan al-Mubih Minhu,” Sahih Muslim, rev. ed., Abdul Hamid Siddiqi, trans. (New Delhi: Kitab Bhavan, 2000).
[12] Ahmad Mahmud Karima, Al-Jihad fi’l Islam: Dirasa Fiqhiya Muqarina (Cairo: Al-Azhar, 2003), p. 304, author’s translation.
[13] Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam, p. 32.
[14] Raymond Ibrahim, The Al Qaeda Reader (New York: Doubleday, 2007), pp. 142-3.
[15] Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam, pp. 32-3.
[16] Ibn Ishaq, The Life of Muhammad (Karachi: Oxford University Press, 1997), pp. 367-8.
[17] Shihab ad-Din Muhammad al-Alusi al-Baghdadi, Ruh al-Ma’ani fi Tafsir al-Qur’an al-‘Azim wa’ l-Saba’ al-Mithani (Beirut: Dar al-Kutub al-‘Ilmiya, 2001), vol. 2, p. 118, author’s translation.
[18] Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam, pp. 11-2.
[19] Ibid., pp. 41-2.
[20] Ibn Qayyim, Tafsir, in Abd al-‘Aziz bin Nasir al-Jalil, At-Tarbiya al-Jihadiya fi Daw’ al-Kitab wa ‘s-Sunna(Riyahd: n.p., 2003), pp. 36-43.
[21] Mukaram, At-Taqiyya fi ‘l-Islam, p. 20.
[22] Qur’an 2: 216.
[23] Yahya bin Sharaf ad-Din an-Nawawi, An-Nawawi’s Forty Hadiths, p. 16, accessed Aug. 1, 2009.
[24] John Lyly, Euphues: The Anatomy of Wit (London, 1578), p. 236.
[25] Qur’an 8:39.
[26] Emile Tyan, The Encyclopedia of Islam (Leiden: Brill, 1960), vol. 2, s.v. “Djihad,” pp. 538-40.
[27] David Bukay, “Peace or Jihad? Abrogation in Islam,” Middle East Quarterly, Fall 2007, pp. 3-11, f.n. 58; David S. Powers, “The Exegetical Genre nasikh al-Qur’an wa-mansukhuhu,” in Approaches to the History of the Interpretation of the Qur’an, Andrew Rippin, ed. (Oxford: Clarendon Press, 1988), pp. 130-1.
[28] Jalil, At-Tarbiya al-Jihadiya fi Daw’ al-Kitab wa ‘ s-Sunna, p. 7.
[29] Ibn Khaldun, The Muqadimmah. An Introduction to History, Franz Rosenthal, trans. (New York: Pantheon, 1958), vol. 1, p. 473.
[30] Hugh Kennedy, The Great Arab Conquests (Philadelphia: Da Capo, 2007), p. 112.
[31] “Saudi Legal Expert Basem Alem: We Have the Right to Wage Offensive Jihad to Impose Our Way of Life,” TV Monitor, clip 2108, Middle East Media Research Institute, trans., Mar. 26, 2009.
[32] “Egyptian Cleric Mahmoud Al-Masri Recommends Tricking Jews into Becoming Muslims,” TV Monitor, clip 2268, Middle East Media Research Institute, trans., Aug. 10, 2009.
[33] Denis MacEoin, “Tactical Hudna and Islamist Intolerance,” Middle East Quarterly, Summer 2008, pp. 39-48.
[34] Majid Khadduri, War and Peace in the Law of Islam (Baltimore: The Johns Hopkins Press, 1955), p. 220.
[35] Ahmad Mahmud Karima, Al-Jihad fi’l Islam: Dirasa Fiqhiya Muqarina, p. 461, author’s translation.
[36] Ibid., p. 469.
[37] Muhammad al-Bukhari, “Judgements (Ahkaam),” Sahih al-Bukhari, book 89, M. Muhsin Khan, trans., accessed July 22, 2009.
[38] Michael Bonner, Jihad in Islamic History: Doctrines and Practice (Princeton: Woodstock Publishers, 2006), p. 148.
[39] Ahmed Akgündüz, “Why Did the Ottoman Sultans Not Make Hajj (Pilgrimage)?” accessed Nov. 9, 2009.
[40] Ahmad Ibn Naqib al-Misri, Reliance of the Traveller: A Classic Manual of Islamic Sacred Law (Beltsville: Amana Publications, 1994), p. 605.
[41] Daniel Pipes, “Lessons from the Prophet Muhammad’s Diplomacy,” Middle East Quarterly, Sept. 1999, pp. 65-72.
[42] Arabinda Acharya, “Training in Terror,” IDSS Commentaries, Institute of Defence and Strategic Studies, Nanyang Technological University, Singapore, May 2, 2003.
[43] “Does hypocrite have a past tense?” for clip of Osama bin Laden, accessed Aug. 1, 2009.
[44] Ibrahim b. Muhammad al-Shahwan, et al, “Correspondence with Saudis: How We Can Coexist,” AmericanValues.org, accessed July 28, 2009.
[45] Ibrahim, The Al Qaeda Reader, p. 43.
[46] Steven Emerson, “Osama bin Laden’s Special Operations Man,” Journal of Counterterrorism and Security International, Sept. 1, 1998.
[47] For lists of other infiltrators of U. S. organizations, see Daniel Pipes, “Islamists Penetrate Western Security,” Mar. 9, 2008.
[48] Walid Phares, “North Carolina: Meet Taqiyya Jihad,” International Analyst Network, July 30, 2009.
[49] Qur’an 8:39.
[50] James Lorimer, The Institutes of the Law of Nations: A Treatise of the Jural Relations of Separate Political Communities (Clark, N.J.: The Lawbook Exchange, Ltd., 2005), p. 124.
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