Durante o Café da Manhã da Oração Nacional no início deste mês, o presidente Barack Obama tentou proteger o Islã do criticismo descrevendo o Cristianismo como igualmente violento e intolerante (via comentários sobre as cruzadas, inquisições, e “arrogância”). O que poucos perceberam é que ele também tentou proteger o Islã invocando virtudes Cristãs.
De várias formas, seus comentários sobre a “humildade” podem ser a parte mais estranha do discurso inteiro a ponto do próprio Obama visivelmente ter se confundido com a sua própria falta de coerência e até mesmo admitido.
A transcrição da parte em questão segue intercalada com os meus comentários e observações.
Disse Obama:
Portanto, isso [o tipo de violência do Estado islâmico] não é exclusivo de um grupo ou uma religião. Há uma tendência em nós, uma tendência ao pecado que pode perverter e distorcer a nossa fé. No mundo de hoje, quando grupos de ódio têm suas próprias contas no Twitter e o fanatismo inflama escondido no ciberespaço, torna-se ainda mais difícil de neutralizar essa intolerância. Mas Deus nos obriga a tentar. E nessa missão, eu acredito que há alguns princípios que podem guiar-nos, particularmente àqueles que entre nós professam crer.
Aqui estão dois pontos importantes para estabelecer um contexto sobre o que segue:
1 – Obama está se referindo às atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico – as decapitações, crucificações, estupro, escravidão, imolações – os quais ele reivindica que são comuns a todas as religiões;
2 – Ao invocar “Deus” e oferecer princípios “àqueles que entre nós professam crer” – uma frase que ele realmente enfatiza no vídeo – Obama está claramente abordando os Cristãos Americanos em particular.
Continua Obama:
E, em primeiro lugar, devemos começar com alguma humildade básica. Eu acredito que o ponto de partida da fé é ter alguma dúvida – não ser tão cheio de si e tão confiante de que você está certo e de que Deus fala só para nós e não para os outros; de que Deus só se preocupa com a gente e não se preocupa com os outros, e que de alguma forma sozinhos estamos de posse da verdade.
Estas são certamente algumas observações estranhas no contexto deste discurso. Obama apela aos Americanos, em geral aos Cristãos particularmente, para exercer alguma “humildade” e “dúvida” – e trata ambos como intercambiáveis em significado, o que certamente não são.
Humildade, é claro, é uma virtude Cristã muito reconhecida. É exatamente o oposto do orgulho – uma modesta se não humilde opinião de si mesmo – uma das imperfeições. Mas o que isso tem – o exercício da humildade – a ver com a nossa compreensão sobre a violência e o terrorismo Islâmico, que é, afinal, o tema em discussão? Não estamos nós na condição de julgar e condenar – já que aparentemente não somos melhores; Seria isso apenas uma reiteração da “arrogância” comentada pelo presidente anteriormente?
Além disso, enquanto a humildade Cristã incentiva a autodúvida, ela não incentiva a dúvida sobre o certo e o errado, o bem e o mal. O mesmo Cristo que defendia a humildade repetidamente condenou o mau comportamento e exortou as pessoas a se arrependerem de seus pecados.
Finalmente, do que exatamente devemos “duvidar” – que o Estado islâmico é o mal? Que eles também “estão de posse da verdade”?
Devido à incoerência desse discurso, o próprio Obama finalmente colidiu com as suas próprias palavras e ficou aturdido por alguns segundos – seis longos e embaraçosos segundos para ser preciso:
Nosso trabalho é não pedir que Deus responda à nossa noção de verdade – nosso trabalho é ser fiel a Ele, Sua palavra e Seus mandamentos. E devemos assumir com humildade que [seis segundos de pausa]… Estamos confusos e nem sempre sabemos o que estamos fazendo…
Não se esqueça de assistir ao vídeo (em torno da marca de 11 minutos) onde fica evidente que os comentários contraditórios o levam a fazer uma pausa por um tempo excessivo antes de concluir que “estamos confusos” – aparentemente uma referencia subconsciente a sua administração.
Se Obama realmente acredita que “o nosso trabalho é ser fiel a Ele, Sua palavra e Seus mandamentos” – assumindo que “Ele” é o Deus da Bíblia e não Alá do Alcorão – então estaria falando verdade; chamando a espada de espada, e vindo em auxílio daqueles incontáveis inocentes que estão sendo massacrados, estuprados e escravizados pelo Estado islâmico (ISIS) e em nome do Islã; assim como as Cruzadas fizeram há mil anos (apenas para serem demonizados, inclusive por Obama).
Em suma, assim como o presidente Americano deturpou episódios da história Cristã para exonerar o terror Islâmico durante o Café da Manhã da Oração Nacional, assim também ele deturpou virtudes Cristãs como a humildade para criar dúvida e confusão e relativismo moral a respeito do terror islâmico.
E, no final, foi ele – o presidente dos Estados Unidos – que ficou confuso com sua própria platitude sem sentido
Tradução: Sebastian Cazeiro
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